Vozes silenciadas: injustiça epistêmica e estereótipos de gênero no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.15039431Palavras-chave:
desigualdade de gênero, acesso à justiça, perspectiva feminista, transformação do direitoResumo
Analisa a desqualificação da palavra da vítima feminina no sistema de justiça brasileiro à luz dos estereótipos de gênero e da injustiça epistêmica. A partir de autoras como Miranda Fricker e Alda Facio, a pesquisa explora as barreiras enfrentadas pelas mulheres para alcançar o acesso integral à justiça e demonstra como essas práticas discriminatórias comprometem a função social do sistema jurídico, que acaba por se tornar um instrumento perpetuador de desigualdades estruturais. Iniciativas como o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero e o projeto Reescrevendo Decisões Judiciais em Perspectivas Feministas ressaltam como estratégias de transformação e demonstram como uma justiça inclusiva exige não somente mudanças normativas, como também educacionais e culturais. O estudo conclui que o reconhecimento das narrativas femininas é necessário para superar o androcentrismo jurídico e construir um sistema de justiça alinhado aos princípios constitucionais da igualdade e da dignidade humana.
Referências
ALMEIDA, Gabriela Perissinotto de. Estereótipos de gênero sobre mulheres vítimas de estupro: uma análise crítica do sistema de justiça. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2017.
BARTLETT, Katharine. Métodos jurídicos feministas. Tradução de T. Harden et al. In: SEVERI, Fabiana Cristina; CASTILHO, Ela Wiecko Volkmer de; MATOS, Myllena Calasans de (orgs.). Tecendo fios das críticas feministas ao Direito no Brasil II: direitos humanos das mulheres e violências. v. 1 – Os nós de ontem: textos produzidos entre os anos de 1980 e 2000. Ribeirão Preto: FDRP/USP, 2020. p. 242-303.
BUENO, Samira et al. Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil. 4. ed. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2023. Disponível em: https://publicacoes.forumseguranca.org.br/handle/123456789/224. Acesso em: 5 nov. 2024.
BUENO, Samira; LIMA, Renato Sérgio de (coord.). A polícia precisa falar sobre estupro: percepção sobre violência sexual e atendimento a mulheres vítimas de estupro nas instituições policiais. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2016. Disponível em: https://publicacoes.forumseguranca.org.br/handle/123456789/109. Acesso em: 12 nov. 2024.
CANUTO, Érica. Paradigmas de acesso à justiça integral para mulheres vítimas de violência. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2022.
CNJ – Conselho Nacional de Justiça. Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero. Brasília: CNJ, 2021. Disponível em: http://www.cnj.jus.br. Acesso em: 5 nov. 2024.
CNJ – Conselho Nacional de Justiça. Resolução n.º 492, de 17 de março de 2023. Brasília: CNJ, 2023. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/files/original144414202303206418713e177b3.pdf . Acesso em: 5 nov. 2024.
DESHPANDE, Avanti. Um protocolo patriarcal: estereótipos judiciais de sobreviventes de violência de gênero na Índia. Fórum Fletcher de Assuntos Mundiais, 13 de novembro. 2022. Disponível em: http://www.fletcherforum.org/the-rostrum/2022/11/14/p49sfjrx0600deqovixr1pekhii0tn. Acesso em: 8 fev. 2025.
FACIO, Alda. Cuando el género suena, cambios trae: una metodología para el análisis de género del fenómeno legal. San José, C.R.: Ilanud, 1992.
FRICKER, Miranda. Injustiça epistêmica: poder e ética do conhecimento. Trad. de Breno R. G. Santos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2023.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023. São Paulo: FBP, 2023.
MARDEGAN, Alexssandra Muniz. Injustiça epistêmica: a prova testemunhal e o preconceito identitário no julgamento de crimes contra a mulher. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, [s.l.], v. 9, n. 1, p. 65-100, jan./abr. 2023. Disponível em: https://doi.org/10.22197/rbdpp.v9i1.788. Acesso em: 12 nov. 2024.
MARTÍNEZ, Amneris Chaparro. Feminismo, género e injusticias epistémicas. Debate Feminista, Cidade do México, v. 62, p. 1-23, jul./dez. 2021. Disponível em: http://doi.org/10.22201/cieg.2594066xe.2021.62.2269. Acesso em: 12 fev. 2025.
MOSCOVICI, Serge. Representações sociais: investigações em psicologia social. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
ONU – Organização das Nações Unidas. Recomendação Geral n.º 33 (sobre o acesso das mulheres à justiça). [S.l.]: Comitê CEDAW, 2015. Disponível em: https://digitallibrary.un.org/record/807253/files/CEDAW_C_GC_33-EN.pdf. Acesso em: 12 fev. 2025.
POHLHAUS JR., Gaile. Conhecimento relacional e injustiça epistêmica: em direção a uma teoria da ignorância hermenêutica intencional. Hypatia, [s.l.], v. 27, n. 4, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1527-2001.2011.01222.x. Acesso em: 12 fev. 2025.
SEVERI, Fabiana Cristina (org.) Reescrevendo decisões judiciais em perspectivas feministas: a experiência brasileira. Ribeirão Preto: IEA/FDRP-USP, 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Luciana Caixeta de Andrade, Julliana Souza Lacerda

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.






